De Lisboa a Porto: Roteiro cheio de charme entre Lisboa e Porto

15/06/2020

Portugal é um país pequeno. A distância entre as duas principais cidades, Lisboa e Porto, é de aproximadamente 313 quilômetros em um percurso pratica­mente em linha reta que pode ser coberto em cerca de 3 horas se estiver de carro. Visitantes brasileiros em viagens à Europa, costumam incluir no roteiro apenas os dois badalados destinos portugueses. Mas há muito mais para descobrir e pede viagens exclusivas para co­nhecer o interior e o litoral em terras lusitanas, região conhecida como Centro de Portugal.

Charmosa, reúne destinos turísticos como Óbidos, Nazaré, Tomar, Fátima, Aveiro, Coimbra e tantos outros. Essa parte do país concentra inúmeros patrimônios da Unesco, um litoral com 279 quilômetros que é um paraíso do surfe, aldeias históricas, gastrono­mia riquíssima, vinhos inesquecíveis, nature­za exuberante e muita cultura.

Nessa matéria tratarei de um dos possíveis roteiros para ser feito em no mínimo uma semana em Portugal, entrando por Lisboa e saindo pelo Porto – ou ao contrário se prefe­rir – e sem contar os dias destinados a visitar essas duas cidades.

SINTRA –  PALÁCIOS E CASTELOS 

Alugue um carro na capital e siga inicialmente para a bela região de Sintra, um recanto distante pouco mais de 30 quilômetros de Lisboa. Consi­derado Patrimônio Mundial pela Unesco, reúne magníficos palácios, monumentos históricos, bons restaurantes e paisagens belíssimas, além de praias lindas e o Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa continental.

Comece o passeio pelo impressionante Palácio Nacional de Sintra, construído pelos mouros. Ri­queza e luxo predominam no seu interior. Desta­que para a sala dos Brasões, que é decorada com azulejos lindíssimos.

Na sequência, vá até o Palácio Nacional da Pena, no alto da Serra de Sintra. Imponente, foi erguido no topo de um rochedo em uma região em que a natureza reina exuberante. Seu interior impressiona pelo luxo.

Distante apenas 850 metros do Palácio da Pena está o Castelo dos Mouros, fortaleza erguida no século 10, após a conquista muçulmana da Penín­sula Ibérica. A vista lá do alto é maravilhosa e ren­de muitas fotos.

Outro local interessante em Sintra é o famoso Palácio e Quinta da Regaleira, um refúgio cons­truído entre 1904 e 1910 para moradia da família dos Carvalho Monteiro. Chama a atenção os lin­dos jardins da residência e um poço de 30 metros de profundidade.

Para finalizar a visita a Sintra, não deixe de dar uma passadinha na Pastelaria Piriquita, localizada no cen­tro da vila. O local é famoso por produzir um dos doces mais apreciados em Portugal, os travesseiros da Piriquita. Preparados com massa folhada, amên­doas e ovos, eles são servidos quentinhos logo após sair do forno. Aproveite e experimente também a tradicional queijadinha e não irá se arrepender.

ÓBIDOS –  MURALHAS MEDIEVAIS 

Após o passeio em Sintra, siga viagem para a incrível vila amuralhada de Óbidos. Se não deixar para sair muito no final da tarde é possível parar em Ericeira e Peniche, vilarejos interessantes à bei­ra-mar para curtir o visual e fazer algumas fotos. Ericeira é uma vila de pescadores com muita tradi­ção ligada ao mar e muito procurada por surfistas. Já Peniche tem atrações como uma fortaleza cons­truída em 1557, um centro histórico com igrejas dos séculos 16 e 17 e a Praia Supertubos, que tem ondas tubulares perfeitas.

A gastronomia também está entre os atrativos des­ta região. O peixe fresco grelhado é obrigatório, mas o marisco também é muito apreciado, e em particu­lar as lagostas, que são criadas em viveiros de mar.

Óbidos é uma pequena cidade do século 13 cer­cada por muralhas medievais. No seu interior, um castelo bem preservado, um labirinto de pequenas ruas e muitas casinhas brancas com portas e jane­las coloridas marcam o cenário. Atenção para os belos pórticos manuelinos.

Entre os atrativos turísticos estão a Igreja Matriz de Santa Maria, a Igreja da Misericórdia, a Igreja de São Pedro, o Pelourinho e, fora de muralhas, o Aqueduto e o Santuário do Senhor Jesus da Pedra.

Para o jantar, escolha o destaque da gastronomia local, a caldeirada de peixe da Lagoa de Óbidos. Para acompanhar, claro, um vinho da Região De­marcada do Oeste. Outra atração do destino é o famoso licor de cereja Ginjinha de Óbidos, muito apreciado pelos portugueses. Se resolver provar peça para ser servido em um copinho de chocolate.

Localizada perto de Caldas da Rainha, Alcobaça, Batalha e da Lagoa da Foz do Arelho, a cidade ofe­rece boas opções de hospedagem. Confira algu­mas sugestões no final dessa matéria.

Após uma noite de descanso para repor as ener­gias e saborear um típico “pequeno almoço” (café da manhã), tire a parte da manhã para circular por Óbidos, antes de seguir viagem rumo ao norte.

NAZARÉ –  ONDAS GIGANTES E MOSTEIROS 

À tarde, pegue a estrada com destino a Fátima. No caminho aproveite para parar em Nazaré, uma pequena vila costeira muito conhecida entre sur­fistas do mundo todo por causa das impressio­nantes ondas gigantes. Foi lá que a surfista brasi­leira Maya Gabeira quase morreu após pegar uma onda de prováveis 24 metros de altura na Praia do Norte. Mas a cidade de pouco mais de 10 mil habitantes entrou no mapa turístico mundial gra­ças ao sufista norte-americano Garrett McNama­ra, que em 2010 divulgou imagens e vídeos das  imensas ondas de Nazaré.

O melhor lugar para curtir as ondas gigantes é no alto do Forte de São Miguel Arcanjo, que fica no topo de um penhasco. As maiores ondas aconte­cem entre outubro e janeiro, os meses mais frios.

Outros atrativos da cidade são a região do Sítio da Nazaré, o Santuário da Nossa Senhora da Nazaré, o Miradouro do Suberco e a Ermida da Memória.

Almoce em Nazaré antes de seguir adiante. No caminho, não deixe de parar nas cidades de Al­cobaça e Batalha – distantes 20 quilômetros uma da outra – para visitar os mosteiros classificados pela Unesco como patrimônios mundiais. Em Al­cobaça, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, construído em 1153, abriga os túmulos do rei de Portugal Dom Pedro I e sua amante Dona Inês de Castro, que viveram uma intensa história de amor. Chegando na pequena Batalha logo se avista o majestoso mosteiro – também chamado de Santa Maria da Vitória -, que foi construído no século 14 e fundado por Dom João I.

Se não estiver preocupado com a dieta, faça uma pa­radinha rápida na Pastelaria Alcôa para provar os me­lhores doces conventuais portugueses. São deliciosos! Pernoite em Fátima.

FÁTIMA –  DESTINO DE FÉ E DEVOÇÃO 

Principal destino de turismo religioso em Portu­gal, Fátima recebe turistas de todas as partes do mundo. A cidade possui um dos mais conhecidos santuários católico do planeta. E tudo começou em 1917, quando Nossa Senhora teria aparecido para três pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta.

O Santuário de Nossa Senhora de Fátima foi cons­truído sobre a Cova da Iria, local da primeira apari­ção. O complexo inclui a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, com os túmulos dos três pastorinhos, o Recinto das Orações, a Capela das Aparições, o Centro Pastoral Paulo VI, Casas de Retiro e a Igreja da Santíssima Trindade. É possível visitar também as casas onde viveram os pastorinhos videntes, na aldeia de Aljustrel.

As maiores celebrações ocorrem na noite do dia 12 de maio (Procissão das Velas), em 13 de maio (Procissão do Adeus) e em 13 de outubro. Porém, nos demais dias 13 também acontecem celebra­ção, atraindo milhares de turistas.

TOMAR –  CIDADE DOS TEMPLÁRIOS 

Depois de conhecer o Santuário de Fátima é hora de pegar a estrada. O destino final do dia será Coimbra, a principal cidade universitária de Portugal. Porém, no caminho, vamos passar por Tomar, uma pequena vila que está fora do circuito turístico convencional mas que vale à pena conhe­cer. Não houvesse outros motivos, bastaria visitar o Castelo Templário e Convento dos Cavaleiros de Cristo, um monumento classificado como Patrimô­nio Mundial pela Unesco. Ampliado e alterado ao longo dos séculos, a construção preserva influên­cias de diversos estilos arquitetônicos.

Conhecida como a “Cidade dos Templários”, Tomar tem outros atrativos históricos como a Mata dos Sete Montes, local onde aconteciam rituais de iniciação; e a Igreja de Santa Maria do Olival, construída no século 12 e conserva os túmulos de diversos mestres templários.

Criada em 1119, em Jerusalém, a Ordem dos Tem­plários tinha o objetivo de dar proteção aos peregri­nos cristãos no território sagrado. Ela foi extinta na França no início do século 14, mas em Portugal foi transformada na Ordem de Cristo, que absorveu os imensos bens que possuía. Teve papel preponde­rante na epopeia dos descobrimentos portugueses.

A apenas 14 quilômetros de Tomar está a Barra­gem de Castelo de Bode, onde é captada a água para o abastecimento da cidade de Lisboa. Suas ilhotas e margens envolvidas por pinhais formam um cenário natural deslumbrante.

COIMBRA –  ENTRE FADOS E TRADIÇÕES

Depois de curtir a paisagem e tranquilidade do lu­gar seguimos viagem para Coimbra, a principal ci­dade do Centro de Portugal, onde não faltam locais emblemáticos como o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, a Sé Velha e as igrejas de São Tiago, São Sal­vador e Santa Cruz; a Quinta das Lágrimas e, claro, a Universidade de Coimbra – fundada em 1290 e considerada uma das mais antigas do mundo.

Prepare-se para se surpreender com o destino. Primeira capital portuguesa, Coimbra tem pátios, escadas e arcos medievais. Suas construções do século 13 convivem harmoniosamente com locais modernos para atender os jovens universitários.

Construída às margens do Rio Mondego e em cima de uma montanha, a cidade é dividida entre a parte alta e a baixa. Na chamada Cidade Bai­xa estão a construções medievais e ruas estreitas onde se concentra o comércio.

Na Cidade Alta está a universidade no seu ponto mais elevado. Também recebe os principais acon­tecimentos da vida acadêmica local, além de mui­tas repúblicas de estudantes e pontos turísticos como a Sé Velha.

Na Universidade vale à pena fazer uma visita com­pleta por suas instalações. Para ter uma visão geral suba até sua torre, onde estão os sinos que marca­vam o ritmo das aulas. A vista lá de cima é fantástica.

Depois, visite o Pátio das Escolas, a Sala dos Ca­pelos (onde são realizadas as cerimónias mais im­portantes), a Capela de São Miguel e o seu impo­nente órgão barroco e a Biblioteca Joanina, que possui mais de 300 mil livros e coleções raríssimas dos séculos 16, 17 e 18 dispostas em belíssimas estantes ornamentadas com talha dourada.

Todo o mês de maio acontece um dos eventos mais esperados na cidade, a tradicional Queima das Fitas, que surgiu no final do século 19, quando os estudantes do curso de Direito resolveram queimar as fitas das pastas, já que não precisariam mais delas no ano seguinte. A festa começa com uma monu­mental serenata nas escadas da Sé Velha. Trajando capas negras os estudantes cantam o famoso Fado  de Coimbra – que é diferente do Fado português. A partir daí e durante uma semana, outras atividades culturais são realizadas. A programação inclui con­certos musicais e até um desfile dos estudantes e carros alegóricos que saem da Universidade.

AVEIRO –  A VENEZA DE PORTUGAL 

Após o pernoite em Coimbra você terá percebido que o tempo dedicado à cidade não foi suficiente. Tire a parte da manhã para as visitas do que ficou por ver. Depois, pé na estrada novamente tendo como destino Aveiro, a cidade chamada de a “Ve­neza de Portugal”.

Antes porém, faça um desvio à esquerda até Fi­gueira da Foz, cidade litorânea que convida para momento de relaxamento total na Praia da Cla­ridade, conhecida como a “Rainha das Praias de Portugal”. É um dos points de veraneio mais tradi­cionais do país. Cheia de vida, une a autenticidade de um porto de pesca ao cosmopolitismo herdado da Belle Époque, período em era o principal desti­no de verão português. Outras praias interessantes são as da Leirosa, da Cova Gala, da Murtinheira, da Costa de Lavos, a do Relógio e a de Quiaios.

Se por acaso gostar muito, esquecer do tempo e resolver dormir na cidade, não deixe de conhe­cer o cassino local – o Casino da Figueira, fundado em 1900 -, um dos principais pontos turísticos do destino. Mesmo que não for jogar, o lugar é boa opção para jantar no Piano Bar e assistir ao espetá­culo diário no Salão Nobre.

Se a sua decisão foi a de seguir em frente, logo estará em Aveiro. A designação “Veneza de Portu­gal” vem por causa da Ria de Aveiro, uma vasta ba­cia lagunar onde as águas doces do Rio Vouga se misturam com as águas do mar. A cidade é corta­da por ruas aquáticas, onde deslizam os coloridos moliceiros, barcos originalmente utilizados para a colheita de moliço (plantas aquáticas), mas que atualmente são mais usados para fins turísticos.

Aveiro possui arquitetura do século 19 com edi­fícios em tom pastel em estilo Art Noveau, o que combina com a atmosfera de tranquilidade reinante no lugar. Lagoas naturais e lindos parques e jardins completam o cenário. Uma boa alternativa para ex­plorar o destino é utilizar as bicicletas (chamadas bu­gas) oferecidas gratuitamente pela municipalidade.

O point mais famoso de Aveiro é o tradicional Mercado de Peixes, que abriga alguns dos melho­res restaurantes de marisco do destino. Se quiser se deliciar com uma boa e típica comida portuguesa a dica é o Porta 36, no Largo da Praça do Peixe, nº 36.

Outros pontos de interesse são a Igreja da Miseri­córdia, construída no final do século 16, exibe uma fachada tradicional com azulejos azuis e brancos, além de elementos renascentistas nos seus pórti­cos; o Convento de Jesus, fundado no século 15; o Museu de Aveiro (no interior do convento) é con­siderado um dos mais importantes museus de arte sacra de Portugal; o Parque Infante D. Pedro, ideal para relaxar e descansar junto à natureza; o Museu da Vista Alegre, que exibe as famosas porcelanas portuguesas; a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, um santuário de aves localizado na ponta da península de São Jacinto, entre o mar e o estuá­rio; e o Museu Marítimo de Ílhavo, lugar certo para conhecer a cultura marítima local.

Em hipótese alguma deixe a cidade sem provar os deliciosos ovos moles, especialidade da região. Na zona do Rossio, às margens da Ria, estão dezenas de confeitarias com ofertas desse doce divino. Se tiver tempo, vale à pena conhecer o processo de fabricação na Oficina do Doce.

VISEU –  ARTE SACRA, IGREJAS E VINHO 

Nessa altura da viagem você já estará a menos de uma hora da cidade do Porto. Porém, se tiver tempo, valerá muito à pena se desviar dela, seguir até Viseu e depois subir um pouco mais ao norte para conhecer Lamego, Guimarães, Braga, Ponte de Lima e Viana do Castelo.

Distante 86 quilômetros de Aveiro, a cidade de Viseu está rodeada por serras e pelos rios Vouga e Dão. Além do famoso vinho produzido na região, ela é marco importante da arte sacra e da arquitetura re­ligiosa de Portugal, como comprovam as igrejas que pontilham o centro histórico. Também é o berço de Vasco Fernandes, famoso pintor do século 16, cujas obras são símbolos da erudição e excelência do Re­nascimento português. Parte considerável do espó­lio do artistas pode ser visto no Museu Grão Vasco.

Comece a visita pela Catedral de Viseu, um dos mais emblemáticos edifícios da cidade. No centro histórico estão também a Igreja da Misericórdia, o pelourinho, o Passeio dos Cónegos e o Museu de Arte Sacra. Na sequência percorra os restos da muralha defensiva erguida por Dom João I e con­cluída apenas no reinado de Dom Afonso V. A ci­dade também preserva vestígios de uma muralha romana construída no século 3.

Se estiver precisando relaxar um pouco da corre­ria da viagem, dispense algum tempo para conhe­cer e usufruir os benefícios terapêuticos da água nas Termas de São Pedro do Sul, localizada nos arredores da cidade. No caminho irá se deslumbrar com o visual da Serra do Caramulo.

Deixando Viseu para trás, o próximo destino é La­mego, a cidade mais antiga do reino de Portugal. Também é famosa por causa dos vinhos produzidos na região. Destaque para o Raposeira, muito apre­ciado pelos portugueses – principalmente os espu­mantes. Contam por lá que os monges cistercienses já produziam vinhos borbulhantes em 1678.

Dos tempos medievais podem ser apreciados o castelo do século 12 no ponto mais alto da cidade, a pequena igreja de Santa Maria de Almacave e a Sé – Catedral de Lamego. Outras tantas igrejas re­velam a influência clássica do tempo da sua cons­trução nos séculos 16 e 17. A maioria delas reves­tidas em azulejos e decoradas por pinturas sacras e talha de ouro acrescentadas na época barroca.

Especial destaque para a Igreja do Convento de Santa Cruz, com vista para a cidade, e para o monumental santuário barroco dedicado a Nos­sa Senhora dos Remédios, localizado no alto de um morro. Para chegar até ela é preciso enfrentar uma escadaria com 686 degraus. O esforço da su­bida vale à pena. Os azulejos pintados e a vista lá do alto são incríveis.

No extremo oposto do Santuário de Nossa Se­nhora dos Remédios ergue-se um belo palácio do século 18. Para conhece-lo também será preciso enfrentar outra escadaria. Mas você não irá se ar­repender. Em estilo Barroco elegante e sóbrio, foi paço episcopal. Lá está também o Museu de Lame­go com um riquíssimo acervo.

Lamego está próximo das margens do Rio Dou­ro, o que proporciona a oportunidades de passeios para admirar os lindos cenários dos extensos vales onde nasce o vinho do Porto.

GUIMARÃES –  BERÇO DO REINO PORTUGUÊS 

Após pernoite na aprazível Lamego, a viagem se­gue com destino a Guimarães e Braga. A primeira é a terra do primeiro rei de Portugal, Dom Afon­so Henriques e considerada o berço do reino por­tuguês – foi a primeira capital. A cidade preserva antigas construções e o seu centro histórico foi de­clarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Há edificações de várias épocas e estilos – da Idade Média ao século 19.

O conjunto patrimonial pode ser apreciado em graciosas varandas de ferro, balcões e alpendres de granito, casas senhoriais, arcos que ligam ruas estreitas, torres e claustros.

A cidade pode ser facilmente percorrida a pé. Co­mece o passeio pelo centro histórico, siga para o Largo da Oliveira, onde está a Igreja de Nossa Se­nhora da Oliveira. Dali deixe-se perder nas estreitas ruas medievais, como a Santa Maria com antigos casarões e museus, até chegar ao Largo Toural com seu belo chafariz. Certamente você também passará pela Praça de Santiago, um antigo ponto de passagem dos peregrinos.

Outros atrativos do destino são a Colina Sagra­da, onde está o Palácio dos Duques de Bragança (século 15); a estátua do primeiro rei de Portugal; a pequena Igreja de São Miguel do Castelo; e, no topo, o Castelo de Guimarães, erguido no século 10 para proteger a região de ataques dos mouros. O castelo é considerado o local de nascimento de Dom Afonso Henriques e é hoje um museu.

Um teleférico leva, em poucos minutos, os passa­geiros ao Monte da Penha, cujo topo é dominado pelo Santuário de Nossa Senhora da Penha. A vista deslumbrante já vale o passeio.

Depois de alguns dias em Portugal será inevitável não engordar. Paciência, deixe a dieta para quan­do voltar ao Brasil. Por que estou dizendo isso? Em Guimarães existem muitos conventos femininos há centenas de anos. Motivo pelo qual a gastronomia local está marcada pelos deliciosos doces conven­tuais, feitos à base de ovos e açúcar. Não deixe de experimentar as tortas e o toucinho do céu.

BRAGA –  A ROMA PORTUGUESA

Um dos principais destinos turísticos do norte português, Braga está na região do Minho e a me­nos de 40 quilômetros da fronteira com a Espa­nha. É o ponto de partida de um dos Caminhos de Santiago, percurso designado “Caminho da Geira Romana”, que fazia parte da rota que ligava Braga a Santiago de Compostela e a Roma.

Terceira maior cidade do país, possui uma rica história e um vasto patrimônio religioso desde a época do Império Romano. As ruínas romanas de Bracara Augusta, uma antiga cidade fundada pelo imperador Augusto entre 300 e 400 a.C., ainda são visíveis em um complexo arqueológico.

O destino é um dos principais centros religiosos de Portugal. Tanto que é reconhecida pelas igrejas barrocas, esplêndidos solares do século 18 e belos parques e jardins.

Como em outras localidades visitadas anterior­mente, comece o tour pela Sé – Catedral de Braga -, no centro histórico. Ela é a mais antiga do país e maior referência religiosa em Portugal ao longo dos séculos. No seu interior estão guardados di­versos tesouros de arte sacra. Sua construção teve início em 1070 e recebeu influência dos estilos gó­tico, renascentista e barroco. Chama a atenção as torres dos sinos, o teto manuelino, o altar escul­pido e os órgãos barrocos. Os túmulos de Dom Henrique e Dona Teresa, pais do primeiro rei por­tuguês, estão na Capela dos Reis.

O roteiro de atrativos da cidade relaciona o San­tuário do Bom Jesus do Monte, uma das igrejas neoclássicas mais bonitas do país; a Igreja de Santa Cruz, construída no século 17, exibe uma intrinca­da fachada de pedra em estilo barroco maneirista; e o belíssimo Jardim de Santa Bárbara, que data do século 17.

Duas grandes festas religiosas realizadas anual­mente atraem portugueses e turistas à cidade. A Semana Santa e as Festas de São João, que acon­tece nos dias 23 e 24 de junho. Nos dois períodos as ruas ficam repletas de gente para aproveitar as recriações da era medieval, mercados, bailes, fo­gueiras, queima de fogos de artifício e procissões. Outra, em setembro, é a Noite Branca, que atrai mi­lhares de pessoas e tem programação com shows, festas, feiras e outras atividades culturais.

VIANA DO CASTELO –  QUINTAS, PALÁCIOS E CONVENTOS

Na etapa final da viagem, seguimos logo pela manhã com destino à cidade de Ponte de Lima, localizada à margens do Rio Lima, no coração da região que produz o típico vinho Verde. Esse pe­queno tesouro português com pouco mais de 5 mil habitantes encanta pela arquitetura medieval.

Uma das vilas mais antigas de Portugal, está cer­cada por quintas e palácios – muitos transformados em hotéis. Seu monumento principal não poderia ser outro senão uma antiga ponte romana com 380 metros de comprimento que dá o nome à cidade. Há dois mil anos ela une as duas margens do rio. Também integra o chamado Caminho Português que leva a Santiago de Compostela, na Espanha.

Seu centro histórico é bem preservado e o ideal é percorre-lo a pé, já que tudo está concentrado em poucos quarteirões.

A vila é pequena mas festeira. Quinzenalmente, às segundas-feiras, realiza uma animada feira ori­ginária da Idade Média, onde são comercializados alimentos da estação, roupas e acessórios. Em junho, outro evento tradicional, a “Vaca das Cor­das”. E, em setembro, as Feiras Novas, uma das mais concorridas do Minho, com desfiles e outras celebrações que duram três dias.

Após algumas horas em Ponte de Lima é hora de seguir adiante. Deixe para almoçar em Viana do Castelo, que está a apenas 30 quilômetros de distância. Localizada no litoral, onde o Rio Lima encontra o mar, a cidade é para ver, curtir e sabo­rear. Come-se muito bem por lá e não faltam boas opções de vinhos para acompanhar as refeições.

Fundada no século 13 por Afonso III, rei de Por­tugal, teve muito destaque na época dos Descobri­mentos (séculos 15 e 16) quando chegou a ter 70 navios mercantes. Dos seus estaleiros saíram naus e caravelas para as rotas das Índias e das Américas, que regressavam carregadas de açúcar, madeira, marfim e outras preciosidades exóticas. Um vianen­se, João Álvares Fagundes, foi o pioneiro da nave­gação na Terra Nova, no Atlântico Norte. Ele, mes­mo sem se dar conta, abriu o caminho ao culto das muitas maneiras de comer bacalhau em Portugal. Seu túmulo encontra-se na capela do Santo Cristo, no interior da Igreja Matriz de Viana do Castelo.

A cidade está repleta de palácios, igrejas e con­ventos, chafarizes e fontanários que constituem uma herança patrimonial notável. Inicie o passeio pela Rua Manuel Espregueira e observe os edifícios decorados com azulejos. No final da rua, está a igreja de São Domingos, construída no século 16. Outro ponto de destaque é a Ponte Eiffel, inau­gurada em 1878, ponte metálica sobre o rio que permite a circulação de trens e carros. Em agosto, por volta do dia 20, a cidade realiza (desde 1783) as festas da Senhora d´Agonia, uma das mais belas romarias de Portugal. Portanto, se estiver por lá não perca.

Minha sugestão é pernoitar em Viana do Castelo e seguir para o Porto na manhã seguinte. Como eu disse, a cidade é para ser saboreada. Então, esco­lha um restaurante típico, peça um bacalhau e um vinho para acompanhar.

Fim da viagem!