Saara Ocidental – breve história

03/04/2020

Saara Ocidental (em árabe As-Sahra al Garbiyya; em espanhol, Sahara Occidental) é um território do norte de África, cuja soberania se encontra atualmente em disputa. Sua área é de 266.000 km², comparável à do estado brasileiro de São Paulo, e suas fronteiras são o Oceano Atlântico a oeste, Marrocos ao norte, Argélia a nordeste e Mauritânia a leste e sul.

Sua principal cidade é El-Aiun (Al-Uyun ou ainda Laâyoune) e as línguas utilizadas são o berbere e o árabe hassaniya (espanhol e francês são usados especialmente no contato com o exterior).

De 1884, após a Conferência de Berlim até 1976, o Saara Ocidental foi colonizado pela Espanha. Sem fronteiras definidas até ao início do século XX, os territórios de Saguia el-Hamra (norte, com capital em El-Aiún) e Río de Oro (sul, com capital em Villa Cisneros, atual Dajla) foram colónias até 1939, quando passaram a ser administradas a partir de Marrocos Espanhol (uma estreita faixa de terra do atual território marroquino, próximo à Espanha). Com a incorporação deste a Marrocos independente, em 1956, Saguia el-Hamra e Río de Oro formaram o Saara Espanhol, formalmente, província ultramarina espanhola. Desde o início dos anos 60 que Marrocos solicita a entrega do Saara Espanhol, considerando-o parte histórica do seu território, e a partir de 1973 os colonizadores passam a sofrer com a guerrilha local, a Frente Polisario (Frente Popular de Liberación de Saguía el Hamra y o de Oro, no original em espanhol), que até ao fim do domínio europeu conseguirá controlar todo o interior.

Em comparação com os outros países europeus, a Espanha realiza tardiamente a descolonização das suas possessões, e somente em 1976 promove uma atrapalhada saída da área, cuja soberania era negociada em segredo com a Frente Polisario, oposicionista de uma possível anexação marroquina. Marrocos promove a Marcha Verde, em novembro de 1975, uma bem divulgada marcha popular de enormes proporções, com vários civis convocados pelo rei Hassan II, que caminham até à fronteira, com bandeiras e fotos do rei.

Pouco depois da Marcha Verde, a Espanha resolve negociar com Marrocos e Mauritânia (que também reclamava soberania sobre uma parte do território espanhol, considerada sob seu domínio historicamente) e celebra os Acordos de Madrid, dividindo a colônia espanhola entre Marrocos e Mauritânia.

Este acordo, porém, infringia a lei de descolonização do Saara, e logo seria posta em questão. Marrocos e Mauritânia, porém, acabam por ocupar a ex-colónia, posição contestada somente pela Argélia, a terceira vizinha dos saarauis, que deu o abrigo necessário para que a Frente Polisario pudesse continuar a operar em contestação à ocupação estrangeira. Pouco depois, devido às ações desta frente, a Mauritânia iria abrir mão da sua porção no Saara, mas Marrocos ainda insiste em ocupar o território. Boa parte da União Africana, órgãos estrangeiros, os mais variados, e até mesmo a ONU consideram que o Saara Ocidental é uma região ainda a ser descolonizada formalmente pela Espanha, e tem direito a uma independência. A Frente Polisario continua a atuar nas fronteiras com a Argélia e a Mauritânia, conseguindo conquistar algumas áreas.