Bijagos: Um Local por descobrir!

16/05/2019

Alguns destinos tropicais foram descobertos há muito tempo e tornaram-se familiares, outros ainda podem ser descobertos, mas dificilmente mudarão tão cedo. Muita coisa nos separa deles, na cultura, tempo e espaço.

 O Arquipélago de Bijagos é um desses lugares, um salpicado de 88 ilhas margeadas por palmeiras no Oceano Atlântico, com apenas 23 delas habitadas, além da costa de um dos Estados mais disfuncionais, porém sedutores, do Oeste da África, a Guiné-Bissau.

Estas ilhas são pontinhos tropicais verdejantes que possuem quilômetros de praias espetaculares desertas, elementos peculiares da natureza como um raro bando de hipopótamos de água salgada, e costumes incomuns como um dos poucos matriarcados funcionais do mundo, as mulheres tradicionalmente escolhem os  seus companheiros, com pouco direito de recusa, na ilha de Orango. Porque chegar em Bijagos após uma viagem de duas horas numa uma pequena lancha, vindo da decrépita, porém insinuante, capital do país, Bissau, representa entrar num outro mundo num outro século, apesar de que seria difícil apontar exatamente quais.

Numa aldeia na ilha de Soga, as crianças pequenas beliscavam a minha pele branca para ver se ela era real, ao saírem das choças com cobertura de palha e paredes de barro; na ilha principal de Bubaque, na minha corrida no final de tarde passando por palmeiras e mangueiras, por uma longa pista de pouso usada por traficantes de drogas latino-americanos, as crianças chamavam-me, "Branco, branco!", não por hostilidade, mas por eu ser uma curiosidade.

Na minúscula ilha desabitada de Anguruma, uma grande quantidade de caranguejos espalhava-se pela areia enquanto eu desembarcava num mundo de puro branco, azul e verde. E de volta a Bubaque, no gracioso velho prédio administrativo português com arcos, parte do telhado desabou, mas os funcionários de Bissau simplesmente armaram uma tenda na varanda do segundo andar para compensar e seguir em frente.

As Ilhas de Bijagos, com sua flora e fauna rica, abundante e intocada, são classificadas pela ONU como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade: além dos hipopótamos notáveis, há 155 espécies de peixes, o que torna a ilha um destino de primeira, apesar de raramente frequentado, há golfinhos, peixes-boi, crocodilos, macacos e antílopes listrados. Das oito espécies de tartaruga do mundo, diz o Centro do Patrimônio da Humanidade, cinco são encontradas aqui.

As ilhas servem com um dos mais importantes locais de procriação de aves migratórias no continente, com 96 espécies. Os riscos de navegar pelos canais estreitos entre as ilhas, que são repletos de bancos de areia, protegeram as Bijagos dos grandes navios pesqueiros que percorrem a costa africana.

Este não é um lugar para férias de praia convencionais. Chegar às Bijagos após superar os obstáculos, traz uma sensação de afastamento que não se tem ao chegar de avião às Caraibas.