Budapeste: Um tesouro imperial ainda por descobrir!

10/02/2017

Ainda não completamente invadida por turistas, pode oferecer-lhe uma viagem única, repleta de monumentos tão grandiosos como talvez nunca tenha visto, numa cidade fascinante, cheia de luz e magnitude.

Localizada na Europa Central, nas margens do extenso rio Danúbio, Budapeste nem sempre foi o que é hoje. Os primeiros registos de povoamento remontam ao Paleolítico, mas foi o Império Romano que fundou a primeira cidade nesta zona de curva e estreitamento do rio, um dos mais importantes “caminhos” comerciais da História da Europa. A região foi depois ocupada por Godos, Lombardos, Ávaros e, finalmente, os Magiares, que chegaram à região no Séc. IX. Budapeste não era ainda uma cidade conjunta nem havia qualquer ponte fixa sobre o rio. A primeira dinastia húngara não tinha capital, pelo que foi Béla IV que mandou construir um castelo na colina que hoje é Buda. A nova capital do reino prosperou e cresceu sob o domínio de Mátyás Corvinus, no Séc. XV. Entretanto, foi quase totalmente destruída pelos turcos do Império Otomano, retomando o seu esplendor depois da dura reconquista por parte dos Habsburgos, em 1686. A monarquia absolutista garantiu o desenvolvimento económico de Buda e Peste e, em 1867, é constituído o Império Austro-Húngaro, logo depois da união das duas cidades numa só e da construção da emblemática Ponte das Correntes.

Depois da Primeira Guerra Mundial, a monarquia caiu e o desejo dos húngaros recuperarem os territórios perdidos levou-os a associarem-se à Alemanha, na Segunda Grande Guerra.

Mais tarde, foram invadidos pela Rússia, que impôs um regime comunista até à Queda da Cortina de Ferro.

A dura e instável História de Budapeste reflete-se nas pessoas e nas ruas da cidade. De uma das capitais mais importantes da Europa, no século XV, passando pelo brilho e pela grandiosidade dos edifícios dos séculos XVII, XVIII e XIX, até às ruas de hoje, quase abandonadas por um comércio que caiu juntamente com o sistema comunista, Budapeste é uma cidade incompreendida, de grandes diferenças sociais e culturais, que ainda procura o seu “lugar ao sol” na Europa.

Não tão turística como Praga ou intocável como Viena, a capital da Hungria é uma fascinante cidade de contrastes, por entre ruelas e edifícios históricos de uma dimensão inimaginável, polvilhados com cúpulas, pormenores coloridos e muita paprica. Budapeste é, por isso, uma grande capital europeia com muito para oferecer e cuja cultura, certamente, o vai apaixonar.

Começando pelo maravilhoso Parque da Cidade, ou Városliget, Budapeste começa por ser uma cidade de relaxamento, passeios e leituras ao ar livre. Városliget, construído no final do século XIX e inaugurado em 1896, por ocasião das Celebrações do Milénio (dos 1000 anos passados da conquista dos Magiares), merece uma visita. Símbolo do augeeconómico da cidade e fruto de orgulho nacional, o castelo é composto por vários edifícios exemplificativos de várias épocas: a Capela Ják, de inspiração medieval; a fachada barroca do museu da agricultura; e a maior estância termal da Europa, de inspiração neobarroca. Já fora do parque fica o Museu de Belas Artes e a grandiosa Praça dos Heróis, dominada pelas altíssimas estátuas de figuras ilustres da História da Hungria.

Descendo a Avenida Andrássy, vai passar por inúmeros museus e academias de arte, até chegar à ilustre Ópera Nacional, construída para rivalizar com os salões de Viena, Paris ou Praga. A partir daqui, estará no centro de Peste, onde a agitação é constante.

Aproveite para visitar a Basílica de Santo Estêvão, em homenagem ao primeiro rei católico da Hungria, cuja cúpula verde é visível de toda a cidade. Entretanto, não deixe de visitar a Rua Váci, que é, porventura, a mais dinâmica de dia e de noite, graças a lojas, esplanadas, cafés e hotéis. Na Praça József Nádor fica a Pastelaria Gerbeaud, que é ideal para um lanche sem hora marcada.

Na avenida paralela à Rua Váci fica uma longa marginal, entre a Ponte Isabel e a Ponte das Correntes, com hotéis, esplanadas e uma excelente paisagem para o lado esquerdo do Danúbio (Buda) com o Palácio Real.

Do outro lado do rio, depois de passar a Ponte das Correntes, vai encontrar o Bairro do Castelo, 60 metros acima da linha do Danúbio. Assim que passar a ponte e antes de começar a subir, olhe para trás: lá está o imponente Parlamento Húngaro neogótico, saturado de pináculos e com uma cúpula erguida a 96 metros de altura.

Continuando a subida da colina de Buda, vai encontrar o Palácio Real e a Cidade Velha, com o Bastião dos Pescadores (que não deixa de ser um excelente miradouro) e a Igreja de Mátyás, de inspiração neogótica. Aproveite para passear também pela Rua dos Lordes, com casas de origem medieval onde viveram aristocratas e mercadores.

Para apreciar a melhor paisagem sobre a cidade, suba à Colina Gellért, por entre um agradável jardim. Visite a Igreja da Gruta, aprecie a estátua de S. Gellért, o bispo mártir padroeiro da cidade, e termine no Monumento da Libertação: uma grandiosa estátua de uma mulher segurando uma folha de palma, que domina a paisagem da cidade por estar colocada no ponto mais alto. A partir daqui, terá a melhor paisagem possível de Budapeste e dos seus palácios, museus, teatros e igrejas.

Sabores da Hungria

Se há algo absolutamente característico da gastronomia húngara é o uso constante de paprica (pimentos picantes vermelhos, amarelos ou verdes) e malaguetas. Daí o tom normalmente avermelhado dos seus pratos típicos e também a venda exagerada de paprica em lojas de souvenirs. A melhor forma de acompanhar estes pratos quentes será com um bom vinho húngaro, de uma das treze regiões demarcadas do país. Experimente também a Palinka, uma bebida destilada feita à base de damasco, cereja ou ameixa, e Unicum, um licor amargo de ervas.

Ir a banhos

Budapeste é uma das maiores cidades termais da Europa e “ir aos banhos” faz parte da cultura húngara. Hábito imensamente explorado no tempo do Império Turco, a cidade oferece variadas opções termais de lazer ou mesmo terapêuticas. De um total de mais de 30 piscinas públicas e banhos termais, com entradas acessíveis subsidiadas pelo Estado, gastar um dia a cuidar do seu relaxamento vai valer a pena.

Os mais famosos são os banhos Széchenyi, no Parque da Cidade, com as águas mais quentes e debruçados sobre um magnífico palácio barroco; os banhos Rudas, na Colina de Gellért, e Király, no Bairro do Castelo, devido à conservação das características otomanas, e os banhos Gellért, que fazem parte de um enorme complexo termal com hotel construído à beira do Danúbio.