Tomar: o que fazer na cidade dos Templários

07/09/2020

Antes de mais, uma confissão: tirando uma rápida passagem para visitar o Convento de Cristo, há muitos anos que não ia visitar Tomar. Lembrava-me das ruelas do centro histórico e da roda de madeira no leito do Rio Nabão; mas não das outras atrações da cidade.

Foi, por isso, com grande prazer que me deixei levar pela beleza e tranquilidade de Tomar, num ansiado regresso que só peca por tardio.

Assim, da Mata Nacional dos Sete Montes ao Complexo Cultural da Levada de Tomar; da Sinagoga ao Aqueduto do Convento, passando por capelas, igrejas e refeições deliciosas, eis uma humilde compilação com o que fazer em Tomar. Um roteiro ideal para uma escapadinha de fim de semana (ou, melhor ainda, em dias úteis).

O que visitar em Tomar: a minha experiência

Convento de Cristo

O Convento de Cristo é o nome pelo qual é geralmente conhecido o conjunto monumental formado pelo Castelo Templário de Tomar, o Convento da Ordem de Cristo, a atual Mata dos Sete Montes, a Ermida da Imaculada Conceição e o Aqueduto dos Pegões Altos.

Pérola maior da cidade de Tomar, o convento alberga alguns dos mais importantes testemunhos da história da arquitetura portuguesa. São disso exemplo a Charola românica da igreja, o Claustro de D. João III e a famosa Janela Manuelina da Sala do Capítulo.

É absolutamente imperdível em qualquer visita a Tomar. Aliás, se só puder conhecer uma coisa na “cidade templária”, que seja o Convento de Cristo.

Mata Nacional dos Sete Montes

Situada no centro de Tomar, a Mata Nacional dos Sete Montes tem quase 40 hectares e é o principal parque da cidade. Também conhecida como Cerca do Convento, a mata fazia a ligação ao castelo e era usada pela Ordem de Cristo como área de cultivo e recolhimento.

Para além dos jardins centrais, é possível encontrar ciprestes, olaias, carvalhos e oliveiras seculares, por entre os quais se destacam trilhos para caminhar ou praticar desporto. Mas não é tudo.

É entre esse arvoredo frondoso transformado em pulmão de Tomar que se encontra a Charolinha, “um pequeno e enigmático templo de pedra, esculpido à imagem das torres-lanterna do Convento de Cristo e rodeado de um tanque circular que parece isolá-lo do mundo”. As palavras fazem parte do folheto de um belo Roteiro pelo Património Mundial do Centro, que recomendo entusiasticamente.

Tudo somado, a Mata Nacional dos Sete Montes é um excelente local para visitar em Tomar. Tanto para gastar energias, praticando desporto, como para as retemperar após deambular pela cidade.

Central Elétrica (Complexo Cultural da Levada de Tomar)

Localizada no Complexo Cultural da Levada de Tomar, conjunto patrimonial constituído por estruturas hidráulicas e edifícios construídos junto ao Rio Nabão, a Central Elétrica é um projeto museológico que reflete a memória do equipamento industrial da época, com especial ênfase na produção de energia elétrica.

Para mim, visitar o museu da Central Elétrica foi uma das coisas que mais gostei de fazer em Tomar. Registe-se, a propósito, a curiosidade de Tomar ter sido das primeiras cidades portuguesas a dispor de iluminação pública elétrica.

Roda do Mouchão

Elemento evocativo da memória árabe, a Roda do Mouchão é uma roda hidráulica, feita de madeira e com pormenores de barro, instalada no coração da cidade.

A roda servia para abastecer de água moinhos e lagares e para irrigar os campos de cultivo nas margens do Rio Nabão. Tornada ex-líbris da cidade, marca de forma indelével a paisagem urbana de Tomar.

Não por acaso, é o elemento visual que melhor recordo das viagens que fazia a Tomar com os meus pais.

Igreja de São João Baptista

Localizada na emblemática Praça da República e erguida paredes-meias com a Corredoura (tradicional rua comercial), a Igreja de São João Baptista apresenta uma fachada de estilo “gótico flamejante” e uma torre sineira manuelina, octogonal e com relógio.

No interior da igreja, destaque para os capitéis decorados; para o batistério; e para os painéis pintados pelo mestre Gregório Lopes.

É também o centro da grande Festa dos Tabuleiros, que ocorre de quatro em quatro anos em Tomar.

Sinagoga de Tomar

Tida como o “único templo hebraico que se manteve intacto e conservado em Portugal”, a pequena Sinagoga de Tomar é um templo muito simples, quadrangular, com uma cobertura abobadada assente em colunas e mísulas incrustadas nas paredes. As influências orientais são evidentes.

Reza a história que foi edificada em meados do século XV, numa época de florescimento da comunidade judaica em Tomar. Foi encerrada pouco depois, mais exatamente “em 1496, aquando da expulsão dos Judeus de Portugal” decretada por D. Manuel I.

As palavras são da Divisão de Turismo da Câmara Municipal de Tomar, que garante ainda que, desde o seu encerramento até à sua classificação como Monumento Nacional, no ano de 1921, o edifício da Sinagoga de Tomar teve usos muito diversos. Foi “prisão, capela católica, palheiro, celeiro, armazém de mercadorias e arrecadação”.

A Sinagoga fica na Rua Dr. Joaquim Jacinto, no chamado bairro judeu de Tomar, em pleno centro histórico da cidade. É mais um local de visita obrigatória numa escapadinha a Tomar.

Capela de Santa Iria

Evocativa da lendária padroeira de Tomar, a Capela de Santa Iria insere-se no homónimo convento, originalmente das Freiras Clarissas.

A capela é pequena, mas, para além da porta manuelina que liga à sacristia, ressaltam à vista as paredes cobertas a azulejos “ponta-de-diamante” do século XVII (semelhantes aos que se encontram no Convento de Cristo). Nem que seja só pelos azulejos, vale a pena incluir a Capela de Santa Iria na lista de coisas a ver em Tomar.

Aqueduto dos Pegões Altos

Fora do perímetro urbano da cidade, encontrei um dos locais mais surpreendentes da minha visita a Tomar: o Aqueduto dos Pegões Altos.

Também conhecido como Aqueduto do Convento de Cristo, este aqueduto foi projetado no início do reinado de Filipe I de Portugal, em finais do século XVI, com o objetivo de melhorar o abastecimento de água do convento.

Para mim, mesmo que não tenha a certeza sobre o que fazer em Tomar, não hesite. É mais “fora da caixa”, mas, para os meus gostos, é igualmente de visita obrigatória.

Outros lugares a visitar em Tomar

Infelizmente, acabei por não conseguir visitar Tomar com a calma que a cidade merecia. Mas, tendo tempo, sugiro que inclua na lista com o que fazer em Tomar mais alguns locais merecedores da sua atenção. Eis alguns sítios que tinha referenciados.

Casa dos Cubos – Centro de Estudos em Fotografia de Tomar

Situada junto às margens do Rio Nabão, a Casa dos Cubos foi inicialmente usada pelas ordens religiosas como local de armazenamento e contagem de produtos agrícolas fornecidos como forma de pagamento.

Nos dias de hoje, e com a instalação do Centro de Estudos em Fotografia de Tomar no edifício, a Casa dos Cubos é usada como espaço de exposições temporárias.

Casa Memória Lopes-Graça

Personalidade que marcou a cultura portuguesa do século XX, o maestro e compositor Fernando Lopes-Graça nasceu no número 25 da Rua Dr. Joaquim Jacinto, em Tomar.

É precisamente ali que se instalou a chamada Casa Memória Lopes-Graça, transformada em centro documental e artístico onde se pode conhecer um pouco melhor a obra e vida deste filho da terra, por muitos considerado um dos maiores compositores e musicólogos portugueses.

Museu dos Fósforos – Aquiles da Mota Lima

No interior do Convento de São Francisco conserva-se uma coleção com mais de 60.000 caixas e carteiras de fósforos. Foram doadas por Aquiles da Mota Lima ao município de Tomar. Não tive oportunidade de visitar, mas fica a dica para os interessados.

Ermida de Nossa Senhora da Conceição

Construída na encosta que leva ao Convento de Cristo, a capela de Nossa Senhora da Conceição é uma “pequena igreja basilical, com três naves abobadadas, definidas por colunatas coríntias”. Foi construída com o objetivo de ser a capela funerária de D. João III, o que nunca chegou a suceder.

Infelizmente, aquando da minha visita a Tomar a capela encontrava-se encerrada, pelo que não a pude conhecer.